Natal de um pastorinho
(Alexandre Parafita)
(Alexandre Parafita)
Pela serra acima
Vai o pastorinho.
Leva o seu bornal
Bem recheadinho!
Batendo os tamancos,
Lá vai p’la manhã,
Vestido de croça
E gorro de lã!
As ovelhas mansas
Seguem a seu lado,
P’ra lidar com elas
Não usa o cajado!
Fala-lhes mansinho:
“Meninas, correr!”
E elas tratam logo
De lhe obedecer!
Porém uma delas
Não aguentou mais,
Deitou-se p’ró lado
Ao pé duns giestais!
E logo o pequeno,
De tão perspicaz,
Deu p’la falta dela
E voltou atrás!
Andou meia légua,
Achou-a deitada:
Ia dar à luz
Não tardava nada!
E o pastorinho
Lá fez de parteiro,
Tomando nas mãos
Um lindo cordeiro!
Feliz a ovelha,
Feliz o pastor:
Que quadro tão belo
Para um bom pintor!
E p’ra festejar
Aquele Natal,
Lembrou-lhe o farnel,
Puxou do bornal!
Depois lá seguiram
De novo o caminho:
Ao colo do moço
Ia o cordeirinho!
E ao chegar a casa,
Lá pela tardinha,
Com mais um no rol…
O bom pastorinho
Inundou de encanto
Aquele pôr do sol!
La il·lustració és d'Antonio Boffa.
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